Abro as comportas da memória
P’ra desaguar. Dar vazão
Às doces reminiscências
Ruas da minha infância
Largas de sonhos e fantasias
Cheias de minhas vivências
As minhas ruas de hoje
Não lembram àquelas do ontem
Não tem alegria, não tem a magia
De um tempo de pouca idade
Quando ruas guardavam segredos
em total cumplicidade...
Não tem da mãe o olhar
Que acompanha sempre a cria
Atenta ao seu caminhar
Não têm as ruas de hoje
As flores do Bem-Me-Quer
Em sua existência simples
Pétalas pra eu colher
Atapetar as suas margens
Retalhos de sol na ramagem...
Sem nenhum medo de rua
Eu tinha encontros com a lua
Quando a noite descia
Crianças cantavam em roda
A ciranda da inocência
Quanta alegria fluía!
O tempo que a tudo transforma
Em sua passagem voraz
Somente não foi capaz
de em minhas lembranças
por um fim
As ruas da minha infância
Estão bem próximas
Tão inteiras, e vivas, ainda
Dentro de mim....
Centelha Luminosa(Maria Lucia)