Folhas em branco aguardam seu destino;
roçam sua face num belo gesto de carinho,
afoitas , mostram-se prontas, puras, nuas,
na ilusão de que registros ditem sua sina.
Bailam ao ritmo de simbólica melodia,
a cada linha traçada, nova coreografia,
sem reticências, lacunas, restrições nas entrelinhas,
letra por letra, regem o limiar de uma vida.
Prólogo feliz , assim bendiz qualquer começo,
selam-se os sonhos e os remetem aos endereços,
e o branco das folhas se tinge de utopia
sem prever que a dor tanto espaço ocuparia.
E a história traçando a vida anseia um desfecho,
perde a meta principal, predominam reticências,
titubeiam meio e fim em desencontro total
e lacunas silenciam o que agora é mistério.
Ainda resta uma folha amarelada
aguardando um fim que certamente virá...
Sem a ousadia de descrever o destino
ela simplesmente irá esperar.
_Carmen Lúcia_