Hoje a chuva cai mansa
Bucólico olho pela janela
E pela rua poucas crianças
Eu busco traços de aquarela...
À pouco tempo eu corria na chuva
Fazia barquinhos
Circulava a mão e fazia uma luva
Se precisasse brincava sozinho
Todos os meus sonhos
Cabiam no olhar
Jamais me sentia enfadonho
Era livre para amar
A chuva salpica o asfalto
E ninguém está na rua
Sou tomado de assalto
Imaginando a lua
Não sei se a vida mudou
Se perdi meu encanto
Se o tempo passou
E não houve acalanto
O que foi que perdi?
Há tanta vida lá fora
Que enfim descobri
Que o viver é agora
E a janela que insisto em olhar
É o reflexo do fim
Que eu não soube apagar
E hoje recai sobre mim.