Ouça a canção do vento,
pelos poros, nos cabelos,
na pele em pelos fixos.
No frio, o gelo enfrento,
o som dos lobos, apelos,
uivos, ressoam prolixos...
Largo dos pensamentos
e bebo a canção.
Quero a mão fria do vento
acariciando o rosto,
mexendo ao desalinho.
Cura às dores, unguento,
ao fel um doce mosto,
em pouco, só carinho...
O estar sentir sozinho;
ouvir a canção...
E existir com ele, ser,
fazer parte na inércia.
Por todos os sentidos
o sopro a me envolver,
desfalecer a consciência,
eu e o vento resumidos.