TORRENTE
Sem olhar,
Você veio do nada
Sem me tocar,
Parou de pronto.
Meu coração
Bateu mais forte
Quase gelado,
Minhas veias
Cresceram
Dilataram-se
Pelo fluxo
Que o meu sangue
Veloz
Desenhava
Como fora
Um rio
Caudaloso
Que em tempo
De cheias,
Empapuça-se
De águas
Embolam-se
Buscando
Espaços,
Em estreitos
Ou rochas
Em descidas
Sinuosas
Perdida, sem noção
Do tempo
Eu fiquei
Assim, parada
Sentindo
Meus batimentos
Dispararem
De tanta
Emoção
Contida
No peito
Explodindo
Em ondas
Contínuas
Só consegui
Me acalmar
Ao perceber
Que você
Não estava
Mais comigo
Mas veja
O que descobri:
Eu preciso
Perpetuar esta emoção
Que há pouco
Tomou conta
Do meu ser
Por inteiro
Para então
Calibrar
Minhas artérias
Alquebradas
Ressequidas
De amores
Estéreis
Que não rendem
Nada mais
Que dois anos
Ou meses
Ou o tempo
Que dure
Todo o seu engano.